Real Madrid e suas variações do mesmo tema sem sair do tom
Vinicius Júnior foi mais uma vez o destaque do Real Madrid, um time automatizado a jogar com ele. Karim Benzema marcou dois gols e foi decisivo para garantir a vitória por 3 a 1 contra o Espanyol, como visitante, neste domingo; terceira nessas condições em três rodadas. Poderia, portanto, ser apenas mais um jogo no qual os atuais campeões de LaLiga e da Champions superaram um adversário inferior pela maior qualidade, mas há outros pontos que podem ser destacados. Mais ainda, pontos que colaboram para uma análise do ótimo primeiro mês merengue na temporada 2022-23, com quatro vitórias em quatro jogos, somando a Supercopa da UEFA. Em LaLiga, finalmente jogará em casa na próxima rodada, grande confronto com o Betis - o clube pediu para não atuar em Madri no mês de agosto, para acelerar as obras do Santiago Bernabéu.
Como prometido antes mesmo da temporada começar, Carlo Ancelotti está promovendo maior rotação no elenco. O treinador faz sempre questão de ressaltar a necessidade de controlar os minutos de seus jogadores, em uma temporada na qual a Copa do Mundo acontecerá entre novembro e dezembro. Isso fará, por exemplo, com que o Real Madrid tenha uma sequência de cinco jogos a cada três dias em setembro com o início da Champions League, já que também há Data FIFA no final do próximo mês. Diante do Espanyol, a linha de defesa madridista foi totalmente diferente: Lucas Vázquez foi o lateral-direito, com Éder Militão e Antonio Rüdiger como zagueiros, além de David Alaba como lateral pela esquerda.
O austríaco, ex-jogador do Bayern de Munique, hoje é melhor zagueiro do que lateral; ele mesmo se vê como zagueiro atualmente. Após a vitória contra o Celta, na rodada passada, perguntei a Alaba sobre essa questão e ele fez questão de afirmar que o próprio Ancelotti o tem primariamente como zagueiro. Ou seja, a lateral será uma opção secundária em um elenco que possui Ferland Mendy e ganhou opção de variação com a chegada de Rüdiger. Na partida deste domingo, ocupando a função de lateral, Alaba fechava o lado na fase defensiva e ocupava a faixa central quando o time atacava, deixando a amplitude para Vinicius pela esquerda. Esse posicionamento tem muito mais sentido com suas características atuais e a forma como o time joga. Dessa maneira, ele ajuda na saída de bola e na superioridade numérica no meio-campo, sem deixar de oferecer o jogo apoiado ao atacante brasileiro.
Na direita já é o contrário, com Vázquez ou Dani Carvajal. Federico Valverde é o jogador que fecha por dentro, abrindo o corredor pelo lado direito. Já com Rodrygo, mudam as características e o time fica mais ofensivo. Contra o Espanyol, o ex-atacante do Santos estreou na temporada de LaLiga, após se recuperar de problemas físicos. Entrou extremamente motivado, pedindo a bola o tempo todo, e admitiu após a partida que estava um pouco ansioso. Ajudou a desequilibrar o difícil confronto com o Espanyol ao dar a assistência para Benzema fazer o segundo gol. O mais importante, porém, foi perceber sua movimentação em campo.
Na véspera, Ancelotti já havia elogiado o brasileiro na coletiva de imprensa e afirmado com todas as letras: "é um atacante completo". O treinador italiano escala Rodrygo pela direita, mas entende que pode fazer o lado esquerdo e também substituir o atacante francês pelo centro. Ao entrar, Rodrygo não se limitou ao corredor pela direita; flutuou por dentro, buscando jogo, trocando de posição com Benzema e ocupando o espaço pela esquerda também. Tanto é que o cruzamento para o gol sai pelo lado oposto de sua posição atual. Assim como Vini, Rodrygo também está com a confiança em alta e sabe que está muito próximo de jogar pela primeira vez uma Copa do Mundo.
Tudo parte, taticamente, do 4-3-3, mas com muitas variações. O esquema tático de um time bem organizado, com movimentações treinadas e bem assimiladas pelos atletas é como um organismo vivo, está em constante transformação. O padrão defensivo, por exemplo, é o 4-1-4-1, mas a equipe sabe muito bem se comportar no 4-4-2 na fase defensiva, com Kroos fechando o lado esquerdo, Tchouaméni subindo para se posicionar ao lado de Modric e Valverde aberto na direita pela segunda linha, para deixar Vinicius Júnior à frente com Benzema - na recuperação de bola, a conexão com o brasileiro, quase sempre no 1x1 e com campo para jogar, é imediata. A construção ofensiva, como já citado, também varia com um dos laterais por dentro.
LaLiga: Vini Jr. faz mais um, Benzema marca dois, e Real Madrid bate o Espanyol de virada
O novo meio-campo merengue é outro aspecto que precisa ser valorizado. Aurélien Tchouaméni assumiu a responsabilidade de substituir Casemiro e, em dois jogos, foi muito bem. Diante do Celta teve atuação segura, contra o Espanyol foi um dos destaques - inclusive com bela assistência para o gol de Vinicius. O francês alia refinada técnica à enorme força física; na prática, oferece até mais jogo que o ex-companheiro brasileiro, apesar de ser inferior no aspecto defensivo e tático. Com Luka Modric e Toni Kroos, formará o novo trio titular, tendo Eduardo Camavinga como peça fundamental para a rotação. No RCDE Stadium, não foi apenas a entrada de Rodrygo que desequilibrou. Ao substituir Modric por Camavinga aos 13'/2T, Ancelotti recuperou o meio-campo e devolveu o controle da partida, que estava nas mãos do Espanyol desde a volta do intervalo, ao Real Madrid. O jovem francês, de somente 19 anos, impôs ritmo alto em campo e superou facilmente os adversários com velocidade.
Enfim, são variações de um Real Madrid campeão de quase tudo na temporada passada sem sair do tom. Não há qualquer grande inovação tática ou algo similar, mas evolução individual de atletas e encaixe muito bem feito de novas peças.
Real Madrid e suas variações do mesmo tema sem sair do tom
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