Solução dos problemas? Linhas sobrepostas da CBF não resolverão polêmicas; veja as razões
A CBF, através do chefe de arbitragem Wilson Seneme, anunciou as novas diretrizes da arbitragem para a Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro de 2023.
São elas: linha de impedimento sobreposta; decisões do VAR no telão; cartão amarelo para quem pressionar a ida do árbitro ao VAR; cartões para a má conduta nas áreas técnicas; área de aquecimento com no máximo seis jogadores e acréscimos ao estilo Copa do Mundo do Qatar.
No site da CBF encontra-se o seguinte texto sobre a nova diretriz do VAR ao traçar a linha na análise de um atacante em posição ou não de impedimento:
“Durante as análises de um possível impedimento, os árbitros e assistentes de vídeo utilizam as linhas virtuais - azul do atacante e vermelho do último defensor - para identificar a posição do atacante e do defensor. A partir deste ano, sempre que houver sobreposição das linhas, a equipe que estiver no ataque será beneficiada. A mudança visa trazer mais justiça esportiva aos clubes”.
Porém, essa diretriz chamou a atenção do Laboratório Biomecânica Aplicada, que tem como responsável o professor Dr. Felipe Arruda Moura.
De acordo com o especialista, a polêmica seguirá ocorrendo, uma vez que as novas medidas não são as melhores para solucionar os problemas que existem na tecnologia do VAR usadas pela CBF e até mesmo em outros países como a Premier League.
No último dia 5 de abril, o perfil do Laboratório fez a seguinte publicação em seu perfil do Instagram, que autorizou a publicação do texto para este blog:
“A CBF anunciou hoje uma mudança nos procedimentos do VAR nas situações de impedimento. A ideia é alinhar com o que alguns campeonatos do mundo estão fazendo (como a Premier League), ao adotar linhas mais grossas e levar em consideração a sobreposição entre elas. Caso haja essa sobreposição, será dada vantagem para o ataque. Resumindo, segue o jogo!
Mas, embora pareça um avanço, estamos fazendo hoje esse alerta: essa modificação exige cuidados especiais que, se não forem levados em consideração, podem causar grandes injustiças!
Por que injustiças?
Quando afirmamos que parece uma evolução, é porque implicitamente o VAR está assumindo que há uma margem de erro. Logo, se há sobreposição, a medida é menor que o erro do sistema, logo, vamos deixar valer o gol e não estragar a festa.
Porém, há cuidados no procedimento que chamamos de calibração da câmera. Normalmente o VAR utiliza uma câmera para definir as linhas (card 1).
Infelizmente, as linhas traçadas pelo VAR têm a mesma espessura do começo ao fim (card 1). Mas, como a imagem da câmera não está perpendicular ao plano do campo, a mesma distância do outro lado do campo (card 2 - seta amarela) representa menos pixels na imagem.
Logo, cada pixel do lado de lá (seta amarela) representa uma medida, em metros, maior do que cada pixel mais próximo do campo (seta vermelha).
Isso significa que, no mínimo, a espessura da linha deveria variar, tornando-se mais fina até chegar do outro lado. Caso contrário, estaremos aceitando uma margem maior de erro quanto mais distante o lance estiver da câmera! ESTAMOS AVISANDO: ISSO VAI DAR POLÊMICA.
Se você entendeu até aqui, vai entender o último problema. Para garantir que a regra de margem de erro seja a mesma em todos os jogos, o VAR terá que garantir que a espessura da linha vai variar de acordo com os parâmetros de calibração da câmera.
Ou seja, se a espessura for a mesma para diferentes jogos, o VAR assumirá maior margem em alguns jogos que outros!
Fica o alerta! Para evitar problemas e novas polêmicas do VAR, é extremamente necessária a capacitação em Biomecânica!”
O sistema de VAR usado na Copa do Mundo do Qatar e pela UEFA atualmente é o que se aproxima do ideal com a tecnologia semiautomática. Enquanto isso, é fundamental buscar soluções cada vez mais efetivas para o polêmico impedimento ajustado.
Solução dos problemas? Linhas sobrepostas da CBF não resolverão polêmicas; veja as razões
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