Coração, coesão e, finalmente, evolução: vamos falar sobre o New York Knicks
Pela quarta vez no milênio, o New York Knicks tem mais vitórias do que derrotas após sete jogos na temporada. Poucos dados representam como esse a realidade perdedora da franquia há décadas.
No começo de 2020, Leon Rose assumiu o comando das operações de basquete, e após uma longa pausa forçada pela COVID-19, seu trabalho começou a ser visto, com Tim Thibodeau chegando para ser o treinador e os reforços do mercado vestindo o uniforme pela primeira vez.
Após sete jogos oficiais, é possível afirmar que os torcedores dos Knicks voltaram a ter esperança.
O time tem a quinta melhor eficiência defensiva da NBA até o momento, e já venceu equipes como os Bucks e os Pacers - além de Hawks e Cavs.
Para chegar a 4 vitórias na última temporada, com David Fizdale no comando, foram necessárias 22 partidas. Agora o time de Tom Thibodeau demorou apenas 7.
O treinador e os veteranos (Austin Rivers, Julius Randle, Alec Burks e Reggie Bullock) abraçaram uma mentalidade de muito trabalho. Perfil esse que combina com o promissor núcleo jovem que os Knicks têm.
O rotulo de zebra também ajuda a montar um time que não tem nada a perder, e por isso dá seu máximo em todos os momentos. Contra os Hawks, perdiam por 16 pontos no terceiro quarto, mas venceram. Já contra os Bucks, do bi-MVP Giannis Antetokounmpo, os azarões dominaram categoricamente do começo ao fim.
Se as coisas não estão dando certo no ataque, a defesa aparenta cada vez permitir menos cestas fáceis aos rivais. A intensidade e inteligência dos jogadores, sempre muito cobrados por Thibodeau, chamam atenção nesse crescimento. O treinador, reconhecido há anos por ser uma grande mente defensiva, não larga do pé e 'joga junto' na beira da quadra, buscando sempre deixar o time ligado no 220.
Mas a evolução vai muito além da moral - desse time e da franquia como um todo. Esse fator é importante para, aos poucos, acabar com o status de chacota que a equipe carrega há anos e quem sabe finalmente voltar a atrair grandes estrelas. Mas para isso, é necessário vencer, e para vencer, é preciso jogar bem... E os Knicks finalmente estão.
Julius Randle está com um começo de temporada digno de All-Star Game, com médias de 22 pontos, 11,5 rebotes e 7,5 assistências por jogo, acertando mais de 50% de seus arremessos e mais de 40% da linha dos três pontos. Virou uma referência ofensiva, aumentou seu repertório e parou de tomar tantas decisões erradas, se transformando cada vez mais em um facilitador (vide o alto número de assistências).
RJ Barrett, ainda muito cru, o que é normal para um jogador de 20 anos, cada vez mais mostra que é um pontuador nato - e se seu arremesso ainda não é confiável, é perto da cesta que ele garante seu ganha-pão.
Mas o trabalho está gerando crescimento além dos números. Mitchell Robinson, pivô de 22 anos, finalmente apresenta indícios de que não está só correndo atrás da bola na defesa, mas sim aprendendo a se posicionar e não cometendo mais tantas faltas bobas, o que minava seus minutos por jogo nas últimas temporadas.
Alguns outros problemas parecem começar a se resolver. Na última temporada, Elfrid Payton, Frank Ntilikina e Dennis Smith Jr. foram os armadores dos Knicks, três jogadores que não matam bolas de três com consistência - algo que caminha na contra-mão da NBA de hoje. Payton segue como titular (até agora), enquanto DSJ luta por seus minutos e Ntilikina agora é utilizado como ala-armador, tentando potencializar sua boa defesa e espaçando a quadra no ataque. A diferença é que chegaram Immanuel Quickley e Austin Rivers, uma dupla que pode dar a coesão necessária para as engrenagens desse elenco rodarem como deveriam.
O primeiro citado foi a 25ª escolha do último draft. Após defender Kentucky como ala-armador, ele mostrou muito serviço na pré-temporada e já é o armador reserva do time... E como o time melhora com ele em quadra! No último jogo, contra Atlanta, o garoto jogou o último quarto inteiro e foi fundamental na virada, com 18 pontos marcados - chutando bem de três pontos, cavando faltas e roubando bolas na defesa. Rivers, recém-contratado, é outro jogador que sabe criar um arremesso longo para si e aumenta as possibilidades do ataque.
Com essa dupla de armadores que sabe arremessar, a quadra fica muito maior para Barrett e Randle infiltrarem, Robinson dominar o garrafão e Knox, Burks e Bullock arremessarem de fora. Isso que Obi Toppin, um dos favoritos para o prêmio de calouro do ano, ainda praticamente não jogou por conta de uma lesão.
O time passa longe, muito longe de ser um candidato a qualquer coisa. Ir para os playoffs seria uma conquista absurda, e isso ainda não deve ser tratado como realidade. Mas é impossível não exaltar um trabalho que finalmente está sendo bem feito em uma franquia que em muitos momentos pareceu amaldiçoada.
A falta de peso nas costas pode fazer os Knicks surpreenderem essa temporada, principalmente pela expectativa ser muito baixa. Mas o que realmente deve ser comemorado é o fato de que o núcleo jovem de Nova York finalmente está crescendo e a moral da franquia pouco a pouco começa a mudar (até o próximo escândalo desnecessário). E é esse o caminho para as coisas começarem a dar certo.
Coração, coesão e, finalmente, evolução: vamos falar sobre o New York Knicks
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