Sem brio, sem fome, sem título: os Clippers cavaram sua própria cova e jogaram seu futuro fora
Quando você vai para o tudo ou nada, existe uma terceira opção: a humilhação. O Los Angeles Clippers foi humilhado.
O Denver Nuggets disputou 7 guerras contra o Utah Jazz e chegou para essa série completamente baleado. O time da Califórnia, como era esperado, fez 3 a 1. Mas, na hora de fechar, pipocou. Uma das maiores de todos os tempos. E além disso, mostrou a diferença que a vontade de ganhar pode fazer em um, dois e três jogos.
A linguagem corporal mostrava uma certeza da classificação. Suas falas também. Mas o basquete é resolvido dentro de quadra. Denver buscou viradas surreais nos jogos 5 e 6. No jogo 7, se recusaram a perder.
Na primeira rodada, contra os Mavs, eles já sofreram mais do que deveriam, e se Porzingis tivesse saudável era bem possível imaginar um jogo 7. Contra os Nuggets, pagaram o caro preço do salto alto: afinal, Marcus Morris gritou na cara de Paul Milsap para o jogador dos Nuggets se preparar para ir embora. Sim, Marcus Morris, que fez 7 pontos no jogo 7 e agora está voltando para casa.
Se você fala, você tem que corresponder. E esse é o problema dos Clippers. Quem fala, não corresponde. Quem corresponde, não fala. Um time que quer ser campeão não pode ter em Patrick Beverley sua única 'chama'. Kawhi Leonard, o homem de gelo, precisa aprender um pouco com LeBron James, Jimmy Butler e até mesmo com o garoto Jamal Murray quando é a hora de chamar seus companheiros de time dentro de quadra e botar ordem no recinto. Vibrar, gritar. Mais do que um craque, ser um líder.
Nos Raptors ele foi campeão com essa postura 'gelada', mas Kyle Lowry compensava como craque e líder.
Paul George, que se autodenominou 'Playoff P', voltou a ser o 'Pipoca P', desaparecendo em mais um jogo de vida ou morte: dessa vez com 10 pontos, acertando 4 de 16 arremessos e 2 de 11 dos três pontos. Como se não fosse suficiente, Kawhi fez seu pior jogo de mata-mata desde 2016. Nikola Jokic, sozinho, teve mais rebotes (22 a 10), assistências (13 a 8) e tocos (3 a 2) do que os dois craques de LA juntos.
Durante toda a temporada foi evidente a falta de encaixe dos Clippers, assim como uma construção de elenco muito questionável. Mas o talento era tão grande que eles foram levando sem sustos, teoricamente podendo 'virar a chavinha' quando quisessem. Não é assim que funciona.
Como se já não fosse suficiente, a próxima temporada será um novo 'tudo ou nada', mas com risco muito maior. Os contratos de Paul George e Kawhi têm apenas mais um ano garantido, e para trazer a dupla, os Clippers acabaram com seu próprio futuro.
Kawhi avisou que só assinaria com a franquia se outra estrela, como Paul George, fosse para lá. Para conseguir PG, os Clippers abriram mão de Shai Gilgeous-Alexander, Danilo Gallinari, quatro escolhas não protegidas de primeira rodada do draft, uma outra escolha de primeira rodada (dessa vez protegida) e ainda mais duas trocas de escolhas, que podem fazer o Thunder ter um posicionamento melhor.
Como resumir isso? LA não tem a sua escolha de primeira rodada do draft até 2026 e ainda mandou embora um dos armadores mais promissores da NBA. E se não for campeão na próxima temporada, terá grandes chances de perder o que conseguiu nessa troca.
Os Clippers falaram muito e, em muitos momentos, jogaram muito. Mas, para ser campeão, jogar não é suficiente. Faltou coração, o que sobrou em Denver. O time que foi tão elogiado por ser 'low profile' morreu pela própria falta de brio.
Sem brio, sem fome, sem título: os Clippers cavaram sua própria cova e jogaram seu futuro fora
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