Eu nunca quis ser como Kobe Bryant, mas nunca amei outro jogador como amo Kobe Bryant
Eu nunca quis ser como Kobe Bryant. É estranho falar isso, ainda mais em um momento como esse, mas eu nunca quis ser como Kobe Bryant. Ao mesmo tempo, nunca me apaixonei tanto por um jogador como me apaixonei por Kobe Bryant.
Explicar esse sentimento é quase impossível, mas como eu fui amar alguém que era o contrário do que eu sempre fui ou quis ser?
Nunca acreditei que a competitividade em excesso fosse uma virtude ou algo a ser exaltado. Nunca achei que trabalhar demais fosse saudável ou que gritar com seus companheiros durante um treinamento e tentar motivá-los pela pressão seja o caminho correto.
Como então eu fui me apaixonar pelo cara mais obcecado da história da NBA? O cara que acordava 4h da manhã e ia dormir meia-noite sempre com uma bola embaixo do braço? Que gritava com companheiros um treino sim e no outro também?
Simplesmente porque ele era Kobe Bryant.
Existia algo de diferente naquela camisa 24, uma aura hipnotizante que me fazia jogar todas as minhas convicções pela janela toda vez que ela ia à boca de Kobe e eu sabia que vinha algo especial.
Eu era apenas uma criança quando comecei a acompanhar os feitos do Black Mamba e foi por causa dele que eu me apaixonei por basquete. Se hoje eu escrevo esse texto é porque Kobe fez eu amar essa bola laranja mais do que qualquer outra coisa na vida. Foi por ficar maravilhado com as atuações espetaculares nos jogos mais difíceis, principalmente nos minutos finais. Pela enormidade de bolas vencedoras e arremessos no estouro do cronômetro. Pela capacidade de se despedir da liga anotando 60 pontos após praticamente duas décadas de pura dedicação, sangue, suor e lágrimas. De altos e baixos.
A coisa mais difícil do mundo era eu concordar com alguma postura dele. Sempre fui um dos maiores advogados de acusação da "Mamba Mentality" e todas as coisas, pra mim, negativas que ela trouxe. Ainda assim, nunca amei e nem devo amar alguém como Kobe. E essa é a mágica de Kobe Bryant.
Kobe nunca deixou de ser Kobe. Você concorde com ele ou não, Kobe não deixaria de ser Kobe. Se três arremessos consecutivos foram os responsáveis pela derrota na quarta-feira, ele acreditava que seriam os responsáveis pela vitória na sexta-feira. E fazia eles serem. Acima de tudo, Kobe sempre foi Kobe, o que quer que isso significasse ser, sem o menor remorso.
Eu posso não concordar com a postura, mas jamais vou deixar de assistir os vídeos de melhores momentos, de me emocionar com eles e com as conquistas, de admirar a autenticidade. Vou seguir gritando "Kobe!" a cada bolinha de papel jogada no lixo.
Eu nunca quis ser como Kobe, mas nunca amei outro jogador como amo Kobe. Vá em paz, Mamba.
Eu nunca quis ser como Kobe Bryant, mas nunca amei outro jogador como amo Kobe Bryant
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