A notícia chega, e nem surpreende. Não surpreende porque já aconteceu com outros antes, e todos sabem que é questão de tempo para ocorrer com mais gente em breve. Nesta semana, foi a vez do San Diego Padres não receber sua parcela pela venda dos direitos de transmissão de suas partidas para o Diamond Sports Group. O mesmo problema já vitimou Texas Rangers, Arizona Diamondbacks, Cleveland Guardians e Minnesota Twins. E pode atingir o Cincinnati Reds em breve (na verdade, os Reds até levaram calote, mas depois o pagamento foi feito. Por enquanto). É mais um capítulo de uma grave crise em um grupo de comunicação que pode forçar a MLB a redesenhar toda a forma de trabalhar seus direitos de transmissão para o mercado americano.
Primeiro, vamos entender como funcionam os direitos de TV do beisebol nos EUA. A MLB vende algumas faixas de horário para transmissões em rede nacional. A Apple TV tem um jogo na sexta, a Fox fica com uma rodada dupla no sábado e o All-Star Game, a ESPN levou o jogo noturno de domingo, um jogo no Opening Day e o Home Run Derby, a TBS transmite um jogo na terça e a MLB Network tem um jogo por dia. Os playoffs são divididos entre esses grupos. Há ainda alguns jogos vendidos para plataformas de streaming, como o ESPN+ e o Peacock (da NBC).
Os demais jogos são transmitidos por canais esportivos regionais. Cada clube faz um acordo com um canal de sua cidade (em alguns casos, as franquias são donas ou acionistas do canal), que pode transmitir todos os jogos da equipe. Esses canais estão em pacotes de TV por assinatura e se tornaram a principal fonte de faturamento dos clubes, pois a esmagadora maioria de suas partidas são transmitidas neles.
O mercado de canais esportivos regionais é dominado por poucos grupos. A Time Warner tem os canais de Los Angeles Dodgers e New York Mets. A AT&T está com Pittsburgh Pirates, Colorado Rockies, Houston Astros e Seattle Mariners. A NBC Comcast conta com as partidas de San Francisco Giants, Oakland Athletics, Chicago White Sox, Philadelphia Phillies e uma participação minoritária na emissora dos Mets. Mas a maioria das equipes estavam no guarda chuva do Diamond Sports Group, que pertence à Sinclair e tem (ou tinha) os contratos com Rangers, Reds, Padres, Diamondbacks, Guardians, Twins, Tampa Bay Rays, St. Louis Cardinals, Milwaukee Brewers, Miami Marlins, Los Angeles Angels, Kansas City Royals, Detroit Tigers e Atlanta Braves. Além disso, a Sinclair ainda tem parcerias nos canais de Chicago Cubs e New York Yankees.
Obs.: Boston Red Sox tem parceria com um outro grupo, o Toronto Blue Jays pertence a um grupo de mídia do Canadá (que, claro, transmite seus jogos) e Baltimore Orioles e Washington Nationals são sócios de seu próprio canal.
É evidente que a MLB tem uma relação muito forte com a Sinclair. A empresa domina o setor de canais regionais nos Estados Unidos, e viu na compra de parte da Fox pela Disney a chance de entrar no esporte. No negócio bilionário, a Fox americana manteve seu canal de TV aberta, seus canais esportivos de alcance nacional (Fox Sports 1 e 2) e seu canal de notícia. Mas vendeu o estúdio de cinema e os Fox Sports regionais. No entanto, a divisão antitruste do Departamento de Justiça dos EUA determinou que os canais esportivos regionais fossem vendidos. A Sinclair comprou todo o pacote de canais por US$ 10,6 bilhões, colocando as emissoras dentro da subsidiária Diamond Sports Group e renomeando todas como Bally.
O problema é que a aposta foi muito ousada. O mercado de TV por assinatura começou a cair nos Estados Unidos (como no resto do mundo, diga-se), com a migração gradual do público para outras plataformas ou mesmo a dificuldade econômica devido à pandemia. O Diamond passou a ter problemas financeiros e pediu para entrar em um programa de falência em março deste ano.
As franquias da MLB envolvidas com o Diamond estão exigindo na Justiça o pagamento das parcelas atrasadas. Quando recebem a negativa, pedem a devolução dos direitos de transmissão das partidas, o que ocorreu nesta semana com os Padres. Como plano de emergência, para o torcedor não ficar sem acesso aos jogos, a MLB tem assumido as transmissões (mantendo a equipe da Bally), distribuindo via streaming no MLB.TV e em outros canais regionais (eventualmente até em TV aberta). Além disso, a liga acabou com o bloqueio para não-assinantes do canal do time dentro de sua cidade.
Em um primeiro momento, a MLB tem absorvido o impacto da quebra do Diamond. No entanto, um desafio já se apresenta para o futuro: como levar os jogos ao público sem perder receita. O modelo de canais esportivos regionais tinha vários problemas, como o fato de que nem todos tinham acesso a eles (alguns canais só estavam disponíveis em uma operadora de TV a cabo, que nem sempre tinham cobertura em todos os bairros da cidade). Mas também é verdade que a televisão já é uma plataforma consagrada, que boa parte do público e até dos anunciantes se acostumaram e, por isso, consegue faturar mais com assinaturas e venda de anúncios. O streaming para transmissões esportivas, apesar de ser um meio promissor, ainda está dando seus primeiros passos.
Não seria surpreendente se a MLB tivesse queda de faturamento com venda de direitos nos próximos anos por causa disso. Mas a importância dos canais regionais para sua receita pode forçar a liga a acelerar a consolidação de um novo modelo de transmissão. E, no futuro, ela pode se adiantar em relação a outras ligas que também trabalham com canais regionais, como NBA e NHL.
QUER TIRAR DÚVIDAS SOBRE BEISEBOL?
Tem novidade sobre beisebol aqui no blog. Toda terça, publico o “Dúvidas MLB”, um post respondendo a perguntas sobre beisebol. A edição desta semana falou sobre critérios de desempate, pick off na terceira base e tempo de aquecimento no bullpen. Clique aqui para conferir. Se tiver alguma dúvida, pode mandar para o meu Twitter.
O NÚMERO DA SEMANA
2.126
Número de vitórias na carreira alcançadas por Dusty Baker na última quinta (dia 1º). Com isso, o comandante do Houston Astros se tornou o oitavo técnico mais vitorioso da história, ultrapassando Joe McCarthy. Ele ficou a 32 do sétimo colocado, Bucky Harris, e deve ganhar mais esta posição ainda em 2023.
PERSONAGEM DA SEMANA
Jon Singleton
Jon Singleton fez sua estreia no time principal do Milwaukee Brewers neste sábado. Não foi apenas a primeira partida do primeira base na MLB nesta temporada, foi a primeira em oito anos. O jogador não entrava em campo nas grandes ligas desde 2015, sua segunda temporada pelo Houston Astros, e parecia que sua carreira nos Estados Unidos já tinha acabado.
O primeira base era considerado uma das principais promessas das ligas menores no começo da década de 2010 e chegou a fechar um contrato de US$ 10 milhões com os Astros em 2014. No entanto, Singleton teve problemas com drogas – ele próprio assumiu o vício anos depois –, foi mandado para as ligas menores de volta e acabou suspenso várias vezes por não passar em exames antidoping. Após o terceiro teste positivo, em 2018, o Houston dispensou o jogador.
Singleton foi fazer a carreira no beisebol mexicano, onde reencontrou seu jogo. Em 2021, ele tinha 32,1% de aproveitamento no bastão e 15 home runs em 46 jogos pelos Diablos Rojos de México quando foi procurado pelos Brewers. Em 2023, o primeira base tinha 25,8% de aproveitamento e 10 home runs em 49 jogos pelo Nashville Sounds, equipe triple-A do Milwaukee.
VÍDEO DA SEMANA
Sarah Langs é uma das figuras mais amadas no meio da MLB. A jornalista se tornou referência como pesquisadora de estatísticas (tanto históricas quanto para explicar os jogos atuais) e sempre empolga os demais com a forma apaixonada como trata o beisebol. Ela anunciou no ano passado que sofre de ELA (esclerose lateral amiotrófica), e se tornou um símbolo na luta contra a doença, ainda incurável e fatal. Em 2 de junho, a MLB celebra o Dia de Lou Gehrig. A data marca o aniversário de morte de um dos maiores jogadores de todos os tempos, vítima de ELA (que até hoje é conhecida nos EUA como “Doença de Lou Gehrig”), e serve de gancho para a liga reforçar as campanhas de arrecadação de recursos para a pesquisa contra a doença. Agora, Langs se tornou um dos rostos dessas campanhas, e a ESPN americana preparou esse especial sobre a trajetória dela (vídeo em inglês).
O QUE VEM POR AÍ
A turma do softbol tem bons motivos para ficar de olho no Star+. A College World Series feminina já está rolando em Oklahoma City, e a finalíssima será disputada de quarta a sexta, dias 7 a 9 de junho. Estão na disputa Alabama, Florida State, Oklahoma (atual campeão e melhor campanha em toda a temporada), Oklahoma State, Stanford, Tennessee, Utah e Washington.
PROGRAMAÇÃO #MLBnaESPN
Sexta, 02/jun
20h - Toronto Blue Jays x New York Mets (Star+)
Sábado, 03/jun
14h - Tampa Bay Rays x Boston Red Sox (Star+)
Domingo, 04/jun
20h - New York Yankees x Los Angeles Dodgers (ESPN 3 e Star+)
Segunda, 05/jun
20h - Houston Astros x Toronto Blue Jays (ESPN 4 e Star+)
Terça, 06/jun
20h - New York Mets x Atlanta Braves (ESPN 3 e Star+)
Quarta, 07/jun
17h - Seattle Mariners x San Diego Padres (ESPN 3 e Star+)
Quinta, 08/jun
22h30 - Chicago Cubs x Los Angeles Angels (Star+)
Sexta, 09/jun
20h - Boston Red Sox x New York Yankees (Star+)
MAIS BEISEBOL E SOFTBOL NO STAR+
Sexta, 02/jun
13h - NCAA (beisebol): Playoffs
20h - NCAA (softbol): College World Series, Stanford x Alabama
21h30 - LMB: Acereros de Monclova x Águila de Veracruz
21h30 - LMB: Generales de Durango x Rieleros de Aguascalientes
22h30 - NCAA (softbol): College World Series, Utah x Oklahoma State
Sábado, 03/jun
13h - NCAA (beisebol): Playoffs
20h - LMB: Bravos de León x Algodoneros de Unión Laguna
20h - NCAA (softbol): College World Series, jogo a definir
22h30 - LMB: Leones de Yucatán x Toros de Tijuana
Domingo, 04/jun
13h - NCAA (beisebol): Playoffs
20h - LMB: Leones de Yucatán x Toros de Tijuana
Segunda, 05/jun
13h - NCAA (softbol): College World Series, jogo a definir
14h - NCAA (beisebol): Playoffs
15h30 - NCAA (softbol): College World Series, jogo a definir
20h - NCAA (softbol): College World Series, jogo a definir
16h - NCAA (beisebol): Playoffs
20h30 - LMB: Sultanes de Monterrey x Tecolotes de los Dos Laredos
22h30 - NCAA (softbol): College World Series, jogo a definir
Terça, 06/jun
20h30 - LMB: Algodoneros de Unión Laguna x Tigres de Quintana Roo
21h30 - LMB: Tecolotes de los Dos Laredos x Acereros de Monclova
Quarta, 07/jun
20h30 - LMB: Algodoneros de Unión Laguna x Tigres de Quintana Roo
21h - NCAA (softbol): College World Series, final, jogo 1
21h30 - LMB: Diablos Rojos de México x Mariachis de Guadalajara
Quinta, 08/jun
20h30 - NCAA (softbol): College World Series, final, jogo 2
21h30 - LMB: Piratas de Campeche x Leones de Yucatán
21h30 - LMB: Pericos de Puebla x Sultanes de Monterrey
22h - LMB: Saraperos de Saltillo x Olmecas de Tabasco
Sexta, 09/jun
20h - NCAA (beisebol): Playoffs
21h - NCAA (softbol): College World Series, final, jogo 3
21h30 - LMB: Tecolotes de los Dos Laredos x Sultanes de Monterrey
Obs: Horários de Brasília. Grades sujeitas a alteração
Dúvidas MLB 23: De onde surgem os jogadores, recorde de arremessos, canhotos e a primeira base e mais relógio de arremesso
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.