Luis Esperanço (BSOP)Ueltom Lima e Igor 'Federal' Trafane
Se enganam aqueles que pensam que um heads-up no BSOP Millions seria o maior desafio no poker brasileiro atualmente. A tarefa mais complicada é suceder uma unanimidade na presidência da Confederação Brasileira de Texas Hold'em...
Igor "Federal" Trafane foi o grande capitão do poker brasileiro nos últimos oito anos. E se dependesse da vontade de todos, continuaria por mais tempo no principal posto do esporte no país. Mas ele acha que a renovação é necessária, e na recente sucessão quem assumiu a presidência da confederação brasileira de poker foi o paulista Ueltom Lima Gomes. Que, ironicamente, também faz parte da maioria que apoiava a manutenção do mandato anterior...
"Eu, de verdade, não queria assumir o cargo", disse Ueltom em entrevista exclusiva para o blog. "Pelo menos queria adiar esse momento. Eu não achava que era agora que isso tinha que acontecer. Claro, vou fazer de tudo para merecer o cargo, vou fazer de tudo para ser respeitado e criar uma história bonita igual a dele. Mas acho até hoje que ele não deveria sair. Ele tinha a possibilidade de ter mais uma gestão, nós estamos no meio da nossa batalha pela regulamentação, ele poderia ter ficado. Ele acha que precisava trocar, eu também acredito que é preciso mudar e renovar, criar novos protagonistas. Mas qualquer pessoa que entrar no lugar dele vai sofrer pressões que ele não sofreria. Porque ele já tinha construído a história dele dentro do poker, virado praticamente uma unanimidade".
Luis Esperanço (BSOP)Ueltom Lima
Para mim, a escolha do novo presidente era lógica e natural. Há anos já falava que Ueltom era o nome mais indicado para ocupar o cargo. Ele também sabia disso, apesar de não querer voltar para o ambiente político.
"Eu achava que era possível que eu fosse substituir o Igor. Ele sempre achou também, e sempre se falou disso. Eu tenho uma trajetória que já passou pela política. Fui da UNE, presidente do DCE da faculdade, do Centro Acadêmico. Aí foi crescendo, fiquei ligado aos movimentos sociais. Ainda tenho muita convicção, as coisas que acreditava na época eu ainda acredito. Mas me decepcionei muito nas relações políticas, é um ambiente muito complicado. Achava que o mercado de trabalho, que o mundo dos negócios era desleal. Mas na política é ainda mais complicado. Mesmo com aqueles pessoas que tem ideais parecidos com os seus, tem uma hora que você vai se decepcionar, é difícil criar relações com lealdade. Então eu não queria mais mexer com isso. Mas sabia que esse momento iria chegar".
Ueltom foi anunciado como novo presidente durante a última edição do BSOP São Paulo, em março passado. E nesses dois meses de mandato, já está preparado para enfrentar as adversidades e comparações.
"Não tenho todas as características do Igor, mas acho que eu tenho as principais para quem vai assumir essa posição. Sei que os questionamentos vão começar a aparecer, tem gente que acha que eu vou ser apenas um fantoche dele na presidência. Mas em nenhum segundo isso me tira a vontade de construir a minha história".
Sempre apoiada por todos, a gestão de Igor "Federal" teve como sinônimo a transparência. E qual vai ser a marca da gestão de Ueltom?
"Eu também poderia falar ‘transparência', mas isso tem que ser uma tradição, um dever. Quero ficar marcado pela diligência, pelo trabalho e dedicação. O Igor tem várias qualidades, ser inteligente, honesto, tem vários elogios que todos fazem em relação a ele. Mas a principal característica dele é a diligência, não ter dia nem hora para trabalhar. Ele é o cara que eu conheço que mais trabalha! E isso eu quero trazer para minha gestão, essa dedicação".
Luis Esperanço (BSOP)Ueltom Lima
Ueltom também tem consciência dos principais objetivos que sua administração quer atingir.
"Existem duas frentes. A mais importante é a regulamentação. Anos atrás, os pioneiros do poker no país levantaram a bandeira do poker como esporte. Isso é uma coisa de vanguarda, de protagonismo, que foi brilhante. O trabalho da CBTH nesses últimos anos foi impressionante nesse aspecto. Hoje, até nas ruas as pessoas falam naturalmente que poker é esporte, um jogo mental. E nós estamos no meio de um processo, então não tem o que inventar, tenho que seguir nesse caminho na batalha pela regulamentação. Mas a nova gestão também pode dar uma contribuição do ponto de vista esportivo. Eu sou um cara que organizava torneios, sou muito ligado aos clubes, conheço essa realidade. Eu vim do interior, fazia torneios lá e sei como é difícil. Acho que posso dar uma contribuição nesse aspecto. O Igor combinou comigo e foi um dos pontos fundamentais para que eu aceitasse o cargo, que ele ainda vai ser a cara do poker junto comigo na batalha pela regulamentação. Então acho que posso dar muita atenção também para essa parte esportiva".
Como já escrevi antes, acho que a Confederação Brasileira de Texas Hold'em continua em boas mãos. Ueltom é um cara que tem facilidade no relacionamento, é inteligente e tem perfil de administrador. Seu passado político também vai ajudar muita na condução da entidade. E sabe exatamente qual é a necessidade imediata do poker brasileiro...
"Precisamos dar tranquilidade para quem está querendo trabalhar, para quem quer se divertir e para quem quer empreender. Essa é a nossa meta", finalizou Ueltom.
Sérgio Prado
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Fonte: Sérgio Prado - Blogueiro do ESPN.com.br
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