Onde está o problema do VAR no Brasil?
O VAR tem sido protagonista no Brasil, quando sabemos que os melhores árbitros são aqueles que passam despercebidos na partida, na qual suas decisões foram acertadas.
O VAR é uma ferramenta tecnológica que veio para auxiliar na legitimação do resultado, porém seu uso é feito por árbitros. E essa é a grande questão, as pessoas que se utilizam dessa tecnologia para tomar as decisões.
A implantação do árbitro de vídeo foi feita de forma extremamente rápida no Brasil. Diferente da Premier League, aqui mal houve tempo de treinamento para os árbitros começarem a fazer uso dos equipamentos.
A empresa que opera o VAR no Brasil é a mesma da Premier League, FIFA e entras grandes competições. Se funciona bem em outros países, será que o problema no Brasil não está justamente nos árbitros que trabalham com ela? Ou nas instruções e diretrizes que recebem?
O Flamengo ganhou da Chapecoense com um lance checado pelo VAR de possível impedimento. Na regra, impedimento é factual, ou está ou não está impedido em relação ao posicionamento, constituindo uma infração. A tecnologia traça linhas 3D para ser conclusiva e devemos acreditar que sua manipulação seja correta. Poderia ser mais transparente, assim como se observa na Inglaterra, com as imagens abertas ao público mostrando toda a analise desde seu princípio, deixando mais fácil a compreensão do procedimento realizado.
Em lances de impedimentos factuais, o VAR funciona muito bem, e é importante ressaltar que corrigiu grande parte de erros de assistentes no campo de jogo, ou seja, se não fosse a ferramenta tecnológica, no campo, teríamos um índice significativo de erros de “bandeirinhas” que iriam interferir diretamente nos resultados, alguns lances de alto grau de dificuldade e outros nem tanto.
Já o grande problema segue sendo em lances interpretativos, ou melhor, não factuais. Em alguns lances de mão, a penalidade foi assinalada, em outros parecidos, não. Grêmio x Corinthians teve um lance de mão no qual pelo entendimento da arbitragem não foi pênalti, porém a regra tem dado margem para visões distintas. Será que a biomecânica dos jogadores está sendo considerada?
O Cruzeiro teve um pênalti marcado a seu favor contra o Internacional, no qual o árbitro bem posicionado deixou o lance seguir, o VAR o chama e a opinião muda. Se o árbitro viu o lance e tomou a decisão no campo, o VAR deveria chamar? Já no Palmeiras x Athletico ocorreu o contrário do lance anterior, o árbitro estava olhando a cobrança de falta, não vê as duas mãos de Felipe Melo nas costas de Igor Rabelo dentro da área e o VAR sequer chama sugerindo revisão.
Faltam critérios, falta uniformidade não só na utilização do VAR, mas também nas decisões dos árbitros dentro do campo e no vídeo. O treinamento foi curto para a tecnologia, mas as instruções dadas aos árbitros podem gerar mais duvidas do que esclarecimentos, quando um instrutor fala algo e outro discorda, o árbitro fica perdido e se torna difícil ter a uniformidade de critérios.
O problema não está no VAR, mas está sim em quem opera a ferramenta e quem está dentro do campo, no treinamento, nas instruções recebidas ou na falta destas. Está na falta de análise do árbitro de vídeo em definir um erro claro e óbvio, em diferenciar a câmera lenta da jogada normal (quando necessário), de repente de entender o jogo de futebol e pode estar também na falta de personalidade do árbitro em manter a sua decisão em campo quando está correto ou na humildade de voltar atrás e mudar de opinião após análise de vídeo.
A qualidade da arbitragem brasileira precisa melhorar, não se pode ter na elite o mais bonitinho ou a mais bonitinha, o mais amigo ou mais amiga, precisa ter os melhores, por meritocracia.
Quem só de regra entende, nem de regra entende, precisa entender de arbitragem. Quem só de arbitragem entende, nem de arbitragem entende, precisa entender de futebol. E quem só de futebol entende, nem de futebol entende, pois há um universo inserido nesse contexto, seja cultural, tático, social.
Não é mais na tecnologia que se deve investir, ela já é uma realidade, mas sim nos seres que estão ali para utilizá-las, ou seja, nos árbitros.
Onde está o problema do VAR no Brasil?
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