Seria o VAR o problema ou as regras do jogo?
Há quem pensou que a vinda do VAR solucionaria todos os problemas do futebol ou a maioria deles, seria o fim das polêmicas, os resultados todos legitimados e a modalidade só ganharia com isso. Porém, depois de sua implantação, até recente, já é possível encontrar quem seja contra o sistema. Muitas críticas têm sido feitas não apenas em âmbito nacional, mas sim mundial.
Realmente há ocorrido lances polêmicos, o VAR entra ou não em cena, mas muitas vezes passa a sensação que acabou não ajudando como deveria.
Recordando que, segundo o protocolo, o VAR entra em ação em quatro situações: lances de penalidades (foi ou não pênalti, dentro ou fora; na cobrança ocorreu infração, a bola entrou ou não); quando um gol for marcado (houve algum tipo de infração – impedimento, falta; a bola entrou ou não); identificação equivocada de um jogador; e cartão vermelho.
É importante citar que no protocolo ainda consta que sua atuação deve ser em “erros claros e óbvios”, mas na regra 5 encontra-se o seguinte texto: “O árbitro deve tomar as decisões do jogo com o máximo de sua capacidade, de acordo com as regras e o “espírito do jogo”, segundo sua opinião. Em razão disso, o árbitro possui poder discricionário para adotar as medidas adequadas para cumprir a essência das regras do jogo.”
A frase “segundo sua opinião” mostra que a regra é interpretativa, pois a opinião de um pode ser diferente do outro, e do outro, e do outro.
Desta forma entram algumas perguntas: tenho como questionar uma imagem, um vídeo, uma foto ou a minha indagação é sobre a interpretação do árbitro ou da regra?
O que a imagem mostra todos estão vendo, se há confusão o problema não está no VAR, ou seja, não é a tecnologia que está ali, mas sim pode ser quem está por detrás dela, pois se cabe interpretações na regra, as opiniões vão divergir sim, nem sempre todos terão a mesma visão e tomada de decisão sobre o lance.
Quão claras são as regras para o VAR interferir somente em “erros claros e óbvios”? As diretrizes recebidas pelos árbitros são únicas ou também originárias de interpretações de instrutores sobre as regras e essas podem divergir entre si?
Se as regras não são claras muitas vezes, se instrutores opinam e também discordam em um mesmo lance com a imagem clara e óbvia, se as diretrizes passadas aos árbitros são distintas, citando as questões que cabem opiniões, entre o árbitro que está no campo e o árbitro de vídeo podem ocorrer percepções iguais ou não sobre a mesma imagem e isso gerar grande polêmica.
Os critérios precisam se encaixar, as diretrizes serem únicas, a comunicação: emissor – mensagem – receptor, não ser uma “brincadeira” de telefone sem fio, a informação chegar na Europa, América, África, Ásia e Oceania de forma igual, o árbitro do norte não receber informações distintas da do sul.
O VAR é uma realidade, a tecnologia veio para ajudar, mas os ajustes necessários nas regras e nas diretrizes precisam serem feitos para chegar a uma maior uniformidade nas tomadas de decisões.
Porém, enquanto na regra constar “segundo a sua opinião” e houver chances para interpretações, as discussões sobre possíveis erros ou acertos seguirão existindo, com ou sem VAR.
Realmente você acredita que um dia as polêmicas chegarão ao fim? Eu tenho as minhas dúvidas se terão fim, mas acredito que possam diminuir.
E ainda existem outros fatores a serem discutidos, o perfil do árbitro em campo e o de vídeo, a cultura futebolística de cada região, são exemplos do que mais pode interferir e diferenciar uma partida da outra.
De repente tudo isso ajuda a tornar o futebol tão apaixonante.
Fonte: Renata Ruel, blogueira do ESPN.com.br
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