Um papo sobre SUS no aeroporto de Moscou: o dia que percebi que Ronaldo também era Fenômeno fora de campo
Março de 2006. Um dia antes, a seleção brasileira havia feito o amistoso mais sem sentido na ‘era caça-níqueis’ da CBF. Como bem estampou o Estadão, jogar no inverno de Moscou, com 17 graus negativos, era uma "ideia estupidamente gelada", em uma referência ao slogan da cervejaria que patrocinava o time nacional.
Mas foi nessa fria viagem que tive a experiência de viver com Ronaldo Fenômeno um dia inesquecível.
Saguão de embarque do aeroporto de Moscou. Na pista, parecia haver mais de um metro de neve acumulada. Era raro um avião decolar ou aterrissar.
Desta vez, a CBF não havia fretado um avião para levar os jogadores de volta para as cidades de seus clubes na Europa. Por coincidência, o voo em que a Folha de S. Paulo, onde eu trabalhava, me colocou era o mesmo que levaria a maior parte dos jogadores e a comissão técnica até Frankfurt, de onde cada um iria para seu destino final.
E, claro, o voo atrasou. Para desespero de Ronaldo. Ele não parava de reclamar da 'economia' da CBF. Impaciente, andava de um lado para o outro e apelava para a máquina que fornecia salgadinhos e refrigerantes.
Cansado do tédio da longa espera, ele resolveu até bater um papo com os jornalistas que também esperavam o voo.
E foi nessa conversa, que deve ter durado algo como 15 minutos, que percebi que o Fenômeno não era algo só dentro do campo. Eu estava em Yokohama quando Ronaldo fez dois gols na final da Copa do Mundo. Mas foi no aeroporto de Moscou que o camisa 9 me impressionou mais.
Ronaldo sempre falou que gostava de ler jornais, mas não a parte de esporte. E não era mentira.
Em Moscou, ele falou sobre o mercado de petróleo. Mas o mais impressionante, e não me lembro por que o assunto surgiu, foi notar que ele sabia tudo sobre o SUS, o sistema de saúde público brasileiro que, apesar de todos os seus problemas, é algo que todos aqui deveriam se orgulhar.
O Fenômeno sabia falar como o sistema era financiado e relatou seus problemas. Desde que surgiu no Cruzeiro, imagino que nem ele e nem seus familiares precisaram usar o SUS. Mas que fenomenal foi saber quem alguém tão rico e famoso como ele se preocupava com a saúde de brasileiros com pouco, ou nenhum, dinheiro no bolso.
Um papo sobre SUS no aeroporto de Moscou: o dia que percebi que Ronaldo também era Fenômeno fora de campo
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