O título obrigatório veio. Que venham a sequência e a evolução do trabalho agora
O Brasil sempre foi o maior favorito ao título da Copa América. Em campo, confirmou o favoritismo.
Não foi uma competição de alto nível técnico. Entre todas seleções, a brasileira foi a que jogou melhor.
Na prática, ganhou um título que era tratado como obrigação por muitos. Agora cabe a análise sobre tudo que está por vir a partir do que foi mostrado.
Tite demonstrou evolução em alguns pontos determinantes. Não ficou preso à escalação inicial, fez alterações que fugiram do óbvio e mostrou variação tática. O time, porém, segue sofrendo muito quando enfrenta adversários que se fecham no campo defensivo.
Sem Neymar, a seleção brasileira foi mais coletiva e viu outras individualidades aparecerem. Everton foi o destaque no ataque, seguido por Gabriel Jesus. No meio-campo, Arthur parece cada vez mais dono do setor. Philippe Coutinho, o mais talentoso de todos, ainda permanece irregular, alternando boas e ruins apresentações.
A defesa, mais uma vez, foi o ponto mais sólido de todo trabalho. Quase intransponível, mantendo o nível com trocas (Filipe Luís por Alex Sandro) e ainda com o melhor jogador do torneio, Daniel Alves. Fruto também do trabalho muito bem feito de toda uma comissão técnica, que vai passar por mudanças.
Antes da Copa América, Tite fez questão de ressaltar a intenção de fazer o Brasil jogar bonito. Não foi o que vimos na competição. A evolução do trabalho é necessária e a sequência de jogos precisa ser mais complicada do que os já previstos amistosos de setembro contra Colômbia e o próprio Peru - trabalho para o sucessor de Edu Gaspar. A exigência da seleção precisa ser maior, logo, os testes feitos também.
Há jogadores veteranos que, aos poucos, cederão os lugares a mais jovens. Esse é outro desafio de Tite, seguir com a reformulação no elenco sem perder a competitividade. Em 2020 há outra Copa América e as eliminatórias já começam em março.
O contrato de Tite é até 2022. Depois do Mundial de 2018, o treinador anunciou planos de curto, médio e longo prazos. Os dois primeiros já expiraram e foram vitoriosos. O terceiro, mais importante de todos, começará nas próximas semanas e tem a Copa do Catar como objetivo final.
"Tem espaço para crescer". Dessa forma Tite resumiu o trabalho a longo prazo que tem pela frente.
A final
Quem começou melhor foi a seleção peruana, finalizando duas vezes nos cinco minutos iniciais e pressionando com eficiência a saída de bola do Brasil. Os brasileiros não conseguiam sair com qualidade dessa marcação e permitiam aos peruanos manter o bom início. Bastou um drible para acabar com isso, ou melhor, um drible espetacular.
Gabriel Jesus recebeu passe de Daniel Alves aberto pela direita e entortou Miguel Trauco. Cruzou e colocou a bola no centro da grande área, onde apareceu Everton completamente livre para fazer 1 a 0, no primeiro chute a gol do Brasil, aos 15 minutos.
A partir daí, o primeiro tempo ficou bem tranquilo para os donos da casa. Primeiro porque o Peru diminuiu a intensidade do começo; segundo por causa do árbitro chileno Roberto Tobar, que travava demais a partida. Aliado a tudo isso, o Brasil conseguia acelerar o jogo quando queria, principalmente com Daniel Alves e Everton, os jogadores da amplitude na fase ofensiva. Porém, não conseguia transformar sua superioridade em chances criadas.
Só que depois de muito tempo, o Peru conseguiu tocar a bola novamente no campo de ataque e provocou o pênalti cometido por Thiago Silva, após tabela de Cueva e Flores. Paolo Guerrero, com enorme tranquilidade aos 43, colocou Alisson de um lado e a bola do outro para anotar o primeiro gol sofrido pelo Brasil na competição.
A alegria peruana durou pouco. Apenas quatro minutos depois, todo sistema defensivo vacilou: Roberto Firmino recuperou a posse de bola e tocou para Arthur, que avançou com liberdade pela intermediária, tocou para Gabriel Jesus e comemorou com o companheiro. Dois a um e intervalo.
No segundo tempo, o Peru voltou com postura ofensiva e deixou o jogo mais aberto. Coutinho criou a primeira chance e depois tentou um golaço, mas foi bloqueado. Com mais espaço, o meia brasileiro subiu o nível da apresentação também. Falhava, porém, no momento do último passe ou da finalização. Enquanto isso, o ataque peruano ameaçava bastante a defesa brasileira.
Foi quando aos 24 minutos, após jogada mais forte com Advíncula, Gabriel Jesus ficou claramente nervoso em campo. Logo na sequência, disputou pelo alto com Tapia, recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso por um lance que não foi tão forte assim. Tite, segundos antes, tinha pedido calma ao atacante do Manchester City.
Richarlison entrou no lugar de Firmino e Coutinho foi deslocado para a direita, para na sequência ceder a vaga a Éder Militão. Daniel Alves foi adiantado para a segunda linha de marcação. Ricardo Gareca respondeu com o atacante Ruidíaz na vaga de Yotún, González por Tapia e Andy Polo por Carrillo. O clima de tensão aumentou em campo, com mais faltas fortes.
Apesar de ter um homem a menos por metade de toda segunda etapa, foi justamente nesse período que a seleção brasileira manteve mais controle do jogo. Até que aos 41, Everton foi derrubado por Zambrano na área, o árbitro marcou pênalti com auxílio do VAR e Richarlison confirmou o título brasileira na Copa América.
Vitória merecida.
Fonte: Gustavo Hofman, do Rio de Janeiro-RJ
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