Bom futebol e muita história no confronto entre Bósnia e Armênia pelas eliminatórias da Euro

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman
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Pjanic foi o melhor em campo contra a Armênia
Pjanic foi o melhor em campo contra a Armênia Divulgação

Itália, Grécia, Bósnia e Herzegovina, Armênia, Finlândia e Liechtenstein. O Grupo J das eliminatórias para a Euro tem uma potência, quatro times equilibrados e outro muito fraco.

Dificilmente os italianos, apesar dos pesares dos últimos anos, não ficarão em uma das duas primeiras colocações, que garantem a classificação, sem contar a possibilidade de playoffs. Assim, gregos, bósnios, armênios e finlandeses farão árdua disputa pela vaga remanescente. A primeira rodada reservou um confronto direto entre esses países. 

Em Sarajevo, no último sábado, a Bósnia recebeu a Armênia e venceu por 2 a 1. Os dois times possuem talentos individuais, e qualquer um que gosta de futebol internacional conhece jogadores como Miralem Pjanic, Edin Dzeko e Henrikh Mkhitaryan. Não são os únicos, apesar de serem os mais famosos.

São duas nações com histórias recentes de independência e guerra em períodos próximos e por causas similares. Dois países bem diferentes na religião, islamismo entre os bósnios e catolicismo entre os armênios, mas a mesma paixão pela bola.

Em campo, a Bósnia foi o time que propôs o jogo do início ao fim, tendo bem mais posse de bola e criando mais oportunidades. Robert Prosinecki, histórico jogador do Estrela Vermelha-SER campeão europeu em 1991 e da seleção croata terceira colocada na Copa de 98, é o técnico da seleção bósnia desde o início do ano passado. Ele montou o time no 4-3-3 na fase ofensiva e a variação para o 4-1-4-1 sem a bola.

O maestro da equipe é Pjanic, que comanda a saída de bola buscando a bola nos pés dos zagueiros, cobra todas faltas e escanteios e é quem, também, determina a ação defensiva ao ser o jogador entre as linhas de marcação.

Já a Armênia, mais limitada tecnicamente e com postura defensiva, tem um esquema muito pensado - naturalmente - em Mlhitaryan. O meia-atacante do Arsenal, que passou um período da adolescência na base do São Paulo ao lado de Hernanes, tem total liberdade para se movimentar em campo. Os armênios marcam no 4-4-2 e, quando conseguiam atacar, atuavam no 4-4-1-1, justamente por conta de Mkhitaryan (o primeiro 1).

Palco da partida, o estádio Grbavica fica nos arredores da cidade. Durante um dos mais tenebrosos episódios recentes da humanidade, o cerco a Sarajevo, teve sua estrutura seriamente avariada pelos bombardeios diários das tropas sérvias que sufocaram a população local. Após o término do conflito, em 1995, foi reinaugurado com o clássico dos times regionais, Zeljeznicar e Sarajevo.

Dzeko, maior ídolo de todos os tempos do futebol bósnio, teve sua infância roubada pelas bombas e o constante medo da morte. Houve um episódio, em que jogava bola na rua e foi chamado pela mãe para entrar em casa. Minutos depois uma bomba matou seus amigos. Tempos depois, a família Dzeko teve a casa destruída e, diferentemente de tantas outras, não conseguiu deixar a Bósnia durante a guerra. Diante da Armênia, ele se tornou o primeiro bósnio a disputar 100 jogos pela seleção.

O primeiro gol do jogo saiu aos 33 minutos. Em cobrança de escanteio, Pjanic colocou a bola na cabeça de Rade Krunic, meia do Empoli-ITA, que se antecipou à marcação na primeira trave e marcou de cabeça. 

Alexander Karapetyan, atacante centralizado na tática armênia e jogador do Progrès Niederkorn, de Luxemburgo, pouco fez em campo além de trombar com os defensores bósnios na luta pelo alto - para ser justo, teve uma finalização certa no final da primeira etapa. Saiu aos 22 minutos do segundo tempo para dar lugar a Norberto Alejandro Briasco. Chama atenção pelo nome e por esse sobrenome. Quando citado, também, o nome da família materna, Balekian (utilizado na camisa), já não soa tão estranho.

O atacante do Huracán, de 23 anos, nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, mas tem origem armênia por parte da mãe, cuja família faz parte da enorme Diáspora Armênia - aproximadamente 11 milhões espalhados pelo mundo. Nas arquibancadas do Grbavica havia um bom grupo de torcedores da Armênia.

Os dois treinadores fizeram todas alterações que tinham permissão pelas regras da competição, e o jogo ficou mais equilibrado. Mkhitaryan quase empatou aos 27, com belo voleio na entrada da grande área.

Só que aos 35, Deni Milosevic, que entrada 15 minutos antes no lugar de Goran Zakaric, fez o segundo gol bósnio após cruzamento do bom Edin Visca, meia do Istambul Basaksehir-TUR. Isso pouco após uma sequência de três defesas espetaculares do goleiro armênio Aram Ayrapetyan.

Já nos acréscimos, a Bósnia ficou com um jogador a menos em campo, após Elvir Koljic, que subtituiu o aplaudido Dzeko, sair de campo machucado. Mkhitaryan aproveitou para, em cobrança de pênalti aos 48, anotar o gol de honra - e importante no critério de desempate, confronto direto.

Bósnia 2x1 Armênia

Posse de bola: 67% x 33%
Tempo de posse: 37:34 x 18:18
Finalizações/certas: 17/6 x 5/2
Passes/certos: 651/574 x 297/239
Aproveitamento nos passes: 89% x 80%
Cruzamentos: 15 x 7
Escanteios: 10 x 2
Impedimentos: 1 x 4
Interceptações: 26 x 53

Fonte: Gustavo Hofman, blogueiro do ESPN.com.br

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