Por que não é cedo para exaltar o incrível Napoli
É preciso fazer justiça ao Napoli antes da provável derrota que o time virá a sofrer na Champions League. Probabilidade, vale esclarecer, devida somente ao fato de que, com outros sete postulantes no torneio, a chance de título inédito dos napolitanos é consideravelmente menor do que a possibilidade de perder a taça.
Do ponto de vista do futebol, aí não, o Napoli não deve nada aos clubes mais ricos ou renomados da competição – seu futebol está no mais alto patamar do continente, como já atestaram a facilidade nas oitavas diante do Eintracht Frankfurt (agregado de 5 a 0) e a liderança na fase de grupos com direito a goleadas sobre Liverpool e Ajax.
A surpresa fica ainda maior quando resolvemos dar uma espiada nos investimentos feitos pelos oito quadrifinalistas da competição para esta temporada.
Exemplo: enquanto o eterno-novo-rico Chelsea torrou nada menos que 611 milhões de euros (!) em reforços, contratando 9 entre os 15 jogadores mais caros negociados nas duas últimas janelas de mercado, o Napoli gastou apenas 76 milhões.
Dos oitos times entre os melhores da Europa, apenas os outros dois italianos, Milan e Inter de Milão, gastaram menos que o Napoli. E isso porque precisavam menos: enquanto o Rossonero tem o elenco campeão italiano, a Inter tem um dos dois melhores grupos de jogadores do país, ao lado da Juventus, com nomes como Lukaku, Lautaro, Brozovic, Barella, Dumfries e Skriniar.
O Napoli? Precisaria reformular consideravelmente seu elenco após a saída de nomes históricos e/ou essenciais como o capitão Insigne, o holandês Dries Mertens, o ótimo zagueiro senegalês Koulibaly ou o meia espanhol Fabián Ruiz.
A missão, além de ingrata, parecia improvável de ser cumprida quando a direção napolitana, para substituir Insigne, buscou na Geórgia, no desconhecido Dinamo Batumi, um meia-atacante de nome complicado: Khvicha Kvaratskhelia, pelo qual pagou 11 milhões de euros. Para a vaga de Koulibaly, a aposta foi um pouco menos ousada, mas não muito: o sul-coreano Min-Jae Kim, do Fenerbahçe, por um custo de 18 milhões de euros.
Resultados financeiros: hoje, é difícil imaginar que Kvara (foi ele quem disse que podemos chamá-lo assim) e Kim deixem o Napoli por valores inferiores a, respectivamente, 80 e 30 milhões de euros – isso se ele saírem, porque o presidente Aurélio de Laurentiis, que assumiu o comando do clube na terceira divisão em 2004, costuma ser duro nas negociações.
Resultados esportivos: ao lado de jogadores que já estavam no elenco e cresceram de rendimento (como Osimhen) e outros reforços que também se encaixaram rapidamente à equipe (como Anguissa), o Napoli já alcançou sua melhor marca na história da Champions League/Copa dos Campeões, superando o inesquecível time de Maradona e Careca.
O que não teria o mesmo significado se o time não estivesse prestes a conquistar o terceiro título nacional de sua história, seu primeiro sem Maradona: com 18 pontos de vantagem sobre a vice-líder Inter, faltando 12 rodadas e jogando a bola que joga, a espera pelo scudetto que encerrará um jejum de 33 anos e encherá as ruas Nápoles de alegria parece mera formalidade.
Mérito, em enorme parte, de Luciano Spalletti, o técnico que potencializou o elenco, que soube utilizar como ninguém os seus reforços, que criou variações de jogo e que, não custa lembrar, chegou a ter seu carro roubado por ladrões que lhe mandaram o seguinte recado: se ele deixasse o clube, o automóvel seria devolvido.
Para sorte da torcida napolitana, aquele carro nunca reapareceu.
(Fonte dos valores de negociações: Transfermrkt)
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