Federação Paulista e TJD erram feio. Mas Palmeiras não ajuda a expor os absurdos
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O Palmeiras tem, desde abril do ano passado, inúmeras razões para se irritar, criticar, e combater judicialmente a Federação Paulista de Futebol e o Tribunal de Justiça Desportiva do Estado.
Tudo começou com a estranha posição da Federação Paulista ao se recusar a investigar a suposta interferência externa na arbitragem da final do Campeonato Paulista de 2018 contra o Corinthians.
Não está em pauta aqui o pênalti (que para mim não houve) daquela final em si, até porque o clubismo impregnado nessa discussão acaba por ofuscar o que de mais importante houve em todo aquele imbróglio: o desinteresse da FPF por buscar a verdade sobre a eventual interferência externa e, se possível, melhorar.
Ao contrário do que fazem até os mais maquiavélicos bandidos da política brasileira, a batida frase “vamos apurar o que houve e, se necessário, tomar as providências devidas, punir os culpados e evitar que esse tipo de coisa volte a acontecer” foi imediatamente descartada pela Federação. Por mais que houvesse indícios da tal interferência, à FPF nunca interessou saber.
Um ano depois, a briga entre Palmeiras e Federação Paulista segue firme (alimentada por embates da política alviverde que não interessam aqui) e, quem diria, viu a entrada de uma terceira instituição que deveria ser, pelo menos em teoria, “independente”: o TJD-SP.
Na semana passada, o presidente desse tribunal, Antonio Olim, respondeu assim aos questionamentos do Palmeiras a respeito de uma possível má utilização do VAR nas quartas-de-final contra o Novorizontino:
“Chamar de Paulistinha, quer esculachar? Desculpa, isso é uma vergonha para o Palmeiras, vamos ganhar na bola, no jogo, vamos parar de chorar. O Palmeiras é um grande clube, mas esse cara (Maurício Galiotte) pensa num mundinho pequeno, tem de pensar no Palmeiras, e não pensar num timinho”.
Não discordo inteiramente da afirmação (logo chegaremos lá), mas certamente não caberia a Olim emitir tal opinião, nessa forma, dias antes de participar de julgamentos importantes envolvendo o clube.
Chegamos então a esta quinta-feira, quando o portal UOL informa que este mesmo Tribunal pode ter tirado o meio-campista Moisés do Paulista através de uma manobra “sem previsão na legislação esportiva”. Consultado pelo portal a respeito do fato, o TJD se limitou a dizer que a manobra está “prevista no regimento interno do tribunal”, se recusando, porém, a mostrar o regimento (ao contrário do que é praxe em diversos tribunais, desportivos ou não).
De novo: é séria e grave a falta de transparência de Federação Paulista e, agora, do TJD-SP. O Palmeiras tem razão para se incomodar.
O clube, porém, age de maneira contraproducente para escancarar os absurdos quando toma suas atitudes muito mais com o coração do que com a razão.
Ir às redes sociais menosprezando o Campeonato Paulista chamando-o mais uma vez de “Paulistinha” é não apenas um desrespeito aos torcedores que já pagaram (caros) ingressos para assistir às suas partidas, como uma incoerência sem tamanho para quem chega a priorizar a escalação no tal “Paulistinha” em detrimento da Libertadores. Vociferar contra lances de arbitragens discutíveis atribuindo-os ao rompimento com a Federação também não ajuda em nada, é apenas mais do mesmo.
O Palmeiras tem motivos reais para reclamar e precisa se ater a eles, combatendo-os com informação e equilíbrio, através de procedimentos jurídicos e de comunicação. Caso contrário, as manifestações do clube só dão margem para serem ignorados e ironizados. O que só é bom para a Federação Paulista e, claro, para o “independente” TJD.
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Fonte: Gian Oddi
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