A nobre, dura e previamente fracassada luta de Melvin Gordon
Melvin Gordon já avisou que, sem um novo contrato, não vai se apresentar para os treinamentos do Los Angeles Chargers, que começam no próximo dia 24. Selecionado na primeira rodada do draft de 2015 (15º geral), ele está em seu último ano de contrato de calouro, ganhando US$ 5,6 milhões (R$ 20,96 milhões).
Ezekiel Elliott, entrando em seu quarto ano de contrato com o Dallas Cowboys – receberá US$ 3,85 milhões (R$ 14,41 milhões) com mais US$ 9 milhões (R$ 33,69 milhões) no próximo – também pode fazer o mesmo e não aparecer na reapresentação do dia 26.
A causa é nobre. Gordon diz que faz isso pensando em toda uma geração de running backs, que se arriscam correndo no meio de gigantes e são vistos como “descartáveis” pela maioria das pessoas na NFL. Afinal, com apenas mais um ano de contrato, uma lesão em 2019 pode significar até mesmo o fim da linha para ele na Liga.
O problema é que os números jogam extremamente contra os corredores. Mesmo que você queria valorizá-los.
Pegando exemplos recentes, o Pittsburgh Steelers ficou sem Le’Veon Bell no ano passado. Apesar de perder um dos indiscutivelmente melhores da posição, a franquia da Pensilvânia não viu as estatísticas do jogo corrido caírem tanto. Na verdade, conseguiu mais touchdowns (16 contra 12) e mais jardas por tentativa (4,2 contra 3,8).
Em uma equipe que sequer conseguiu chegar aos playoffs, James Conner teve 215 corridas com 973 jardas e 12 touchdowns em 2018, contra 321 corridas para 1.291 jardas e nove TDs de Bell no ano anterior. Na média, Conner correu mais que Bell (4,5 contra 4 jardas por tentativa).
Também no ano passado, Gordon foi titular em 12 partidas acumulando 885 jardas corridas e 10 touchdowns, com média de 5,1 jardas por tentativa. Seu reserva imediato, Austin Ekeler, titular em três jogos, teve 554 jardas e três touchdowns, mas com 69 chances a menos na temporada regular, tendo uma média até melhor, de 5,2 jardas por tentativa.
O detalhe: Ekeler é dois anos mais novo e receberá, em 2019, apenas US$ 645 mil (R$ 2,41 milhões).
O talento de Gordon, Bell, e outros dos principais running backs da liga é inegável, mas é cada vez mais ponderado o sistema do time e a qualidade da linha ofensiva, responsável por abrir os buracos para as corridas.
É claro que o running back precisa ser valorizado e não merece arriscar sua saúde sem muitas garantias sobre o futuro, mas a natureza do jogo infelizmente é esta.
Muitos jogadores da NFL observam a valorização de atletas da NBA e tentam replicar o que é feito na outra liga, mas os esportes são completamente diferentes.
Le'Veon Bell acabou no New York Jets (onde receberá até menos do que tinham oferecido para ele nos Steelers). E por acaso a chegada do astro, somada à presença de Sam Darnold, muda o patamar da franquia? Tem o mesmo efeito que a união de dois astros na NBA? Nem de longe.
Ser importante em um elenco de 53 jogadores é bem mais complicado do que fazer isso em um grupo de 14 em que cinco passam a maior parte do tempo em quadra.
A última vez que um RB foi MVP da temporada regular? 2012, quando Adrian Peterson não conseguiu levar o Minnesota Vikings além da rodada de wild card nos playoffs. MVP de Super Bowl? Em 1998, com Terrell Davis, do Denver Broncos.
Na NFL, a única posição que realmente tem poder de fogo para mudar as coisas se decidir se rebelar é a de quarterback.
A nobre, dura e previamente fracassada luta de Melvin Gordon
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