A narrativa tirou (mais) um MVP de James Harden
A NBA, assim como qualquer outra grande liga, sobrevive das narrativas. É através delas que as temporadas são contadas e carreiras são definidas. E foram elas que tiraram (mais) um prêmio de MVP das mãos de James Harden.
Na noite da última segunda-feira, a premiação ficou com Giannis Antetokounmpo, do Milwaukee Bucks. O grego fez uma temporada fantástica, levou os Bucks ao primeiro lugar da Conferência Leste e o prêmio está em boas mãos. Mas não nas melhores.
Assim como na temporada 2016/2017, em que o troféu foi dado para Russell Westbrook, do Oklahoma City Thunder, apenas por ele ter feito média de triplo duplo na temporada, quem mais merecia era o camisa 13 do Houston Rockets, mas a narrativa jogava contra.
Nos tempos das mídias sociais e das reações extremas, um vídeo de seis segundos custou um prêmio de MVP para James Harden. Um step back tentado contra o Utah Jazz, ainda lá em dezembro, foi o suficiente para a criação de um personagem do ala-armador: alguém que só consegue pontuar porque os árbitros permitem, seja não marcando a andada ou dando muitas faltas nele.
A premissa, porém, é falsa. James Harden é uma das armas ofensivas mais brilhantes que a NBA já viu e seu step back não só é letal, como legal. E apesar de ter liderado a liga em arremessos livres tentados por partida, com 11 por jogo, Harden foi apenas o 17o em "FT Rate", ou seja, a porcentagem de posses que terminam com determinado jogador na linha do lance livre.
Harden liderou a liga com 36,1 pontos por jogo, ao mesmo tempo que distribuiu 7,5 assistências por partida, se transformando no primeiro jogador da história da NBA a terminar uma temporada com 36 pontos e 7 assistências por jogo. Foi o primeiro jogador da história a ter 2800 pontos, 500 rebotes e 500 assistências em uma temporada.
Liderou a liga em "win shares", uma estatística avançada que mede quantas vitórias um jogador foi diretamente responsável para sua equipe. Foram 19 jogos de 40 pontos, sete de 50 pontos e dois de 60 pontos.
Tudo isso comandando um Houston Rockets que teve que lidar com lesões importantes o ano inteiro. Em janeiro, Harden não contava com seus três principais ajudantes, Chris Paul, Clint Capela e Eric Gordon. Teve média de 43 pontos por jogo naquele mês.
Anotou 30 ou mais pontos em 32 partidas seguidas, marca só superada por Wilt Chamberlain. E, bom, quando a sua companhia em uma estatística é Wilt, é sinal que algo histórico foi feito.
Então por que não foi eleito MVP? Mais, por que houve uma disparidade tão grande na votação do que prometia ser uma das disputas mais equilibradas dos últimos anos? Narrativa.
O prêmio não poderia acabar na mão daquele que deixou o jogo chato. Que infringe a regra ou abusa dela para ganhar vantagem. Do cara que pontua porque cava faltas. Ficou na mão da superestrela em ascensão, do cara das enterradas incríveis e que representa o futuro da NBA.
Em um duelo que era para ter sido equilibrado, a real diferença foi a história mais bonita. Como foi dois anos atrás.
A narrativa tirou (mais) um MVP de James Harden
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