Justiça seja feita, é da Argentina que vem o que há de pior e melhor do futebol
Favorecimento aos clubes argentinos. Verdade ou não, fato é que ainda estamos incomodados com o senso zero de justiça da arbitragem entre Boca Juniors e Cruzeiro na última quarta-feira pela Copa Libertadores. A expulsão do Dedé, totalmente descabida, tem gerado uma intensa mobilização nos bastidores. O clube mineiro busca reverter a decisão que foi determinante no resultado do primeiro encontro entre as duas equipes.
Desde que a competição começou, os clubes brasileiros foram prejudicados pelas decisões envolvendo a CONMEBOL, a Confederação Sul-Americana de Futebol. Primeiro, o Santos foi punido pela escalação irregular de Carlos Sánchez contra o Independiente. Além disso, outro time argentino teria também se beneficiado de uma decisão extra-campo, a absolvição da escalação de Bruno Zuculini em sete partidas da Libertadores pelo River Plate. Claramente, um peso e duas medidas.
Deixando de lado o que mancha o futebol latino-americano nesse sentindo de desorganização do esporte, de falta de transparência e de um possível favorecimento para as equipes argentinas, nossos vizinhos merecem aplausos num caso de extrema relevância nas causas de igualdade de gênero, gerando assim jurisprudência única que pode ser de muitíssimo valor.
A história é das gêmeas argentinas apaixonadas por futebol desde os três anos de idade: Emília e Delfina. A mãe das garotas conseguiu na Justiça uma sentença que garantiu o direito delas estarem em campo da mesma forma que meninos em competições escolares de base.
“Nossos colegas de escola diziam que nós não éramos ruins, que éramos só mulheres". Foi assim que bem cedo, aos 7 anos, tiveram que encarar ainda os olhares de desaprovação de pais de alunos e o veto de um treinador para competir. Não era a capacidade das gêmeas que estava sendo levada em consideração, mas o sexo: “meninas não podem sentar no banco ou ser escaladas, vamos perder pontos”, disse um dos responsáveis pela equipe.
“Não existiam outras categorias para idades menores em outros clubes. Por isso fomos conversar com o coordenador, com os treinadores e até com o presidente da GEBA. Mas o clube virou as costas para nós, tivemos que juntar 600 assinaturas em um mesmo dia e fomos para a Justiça”, contou Diana Blanco ao Clarín.
No tribunal, a mãe ouviu do juiz: “Parabenizo você! Você veio pelo direito de suas filhas, não por dinheiro ". Era o precedente inédito na Argentina: uma ordem judicial permitiu que as filhas pudessem jogar no GEBA e continuassem na disputa do Mundialito do Club dos Amigos.
Acontece que a felicidade durou apenas um ano: foi o tempo determinado de medida cautelar. Sem que pudessem estender a determinação por mais um ano (a não ser que ingressassem novamente com um processo judicial), as duas meninas tiveram a sorte de receber um convite para integrar a equipe do River Plate.
Em território argentino, o time foi um dos pioneiros nesse tipo de trabalho com meninas e meninos. Desde 1991, o clube valoriza a integração de mulheres também nas categorias de base. Atualmente, 90 meninas fazem parte dos projetos do clube argentino, 30, entre elas as duas garotas, disputam a Primeira Divisão da Argentina, as outras 60 seguem na base.
Por fim, eis aqui um cenário animador: no último Congresso Internacional de Futebol, que aconteceu na Argentina, dados mostraram que a atividade esportiva que mais cresceu nos últimos dez anos foi justamente o futebol feminino. No país, mais de um milhão de mulheres estão envolvidas na modalidade. As condições estão longe do que seria ideal. Frequentemente, há notícias sobre a desvalorização das atletas profissionais, os baixos salários e os problemas enfrentados pela falta de estrutura. Entretanto, pelo menos nesse ponto, o de aumento de mulheres na modalidade, é uma razão para nos inspirarmos.
Las chicas argentinas batem um bolão! ?
Fonte: Bibiana Bolson
Justiça seja feita, é da Argentina que vem o que há de pior e melhor do futebol
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.