Crônica: Os Guerreiros que caíram de pé
A diferença entre guerreiro e mercenário reside além de lutar por dinheiro em vez de lutar por honra. Reside em como você cai.
O Golden State Warriors chegou em sua quinta final de NBA com a impressão de que eram um exército de mercenários. Com DeMarcus Cousins jogando por virtual salário mínimo e Kevin Durant tendo se juntado aos Warriors depois de ter tomado a virada por 3-1 na final da Conferência Oeste, tudo indicava que o time era uma máquina mortífera, afinada e pronta para eliminar qualquer coisa que viesse pela frente. Com KD no quinteto, os Warriors ficaram atrás no placar em apenas uma série - na final do oeste do ano passado - contra os Rockets. De resto, só dominação. Chegaram à final deste ano sem ele e varrendo Portland.
O título parecia inevitável. Mas há momentos em que as derrotas também são.
Há certas coisas que não conseguimos ler ou prever nos esportes. As lesões são parte delas. E, em meio ao imponderável, os Warriors fizeram jus ao seu nome e mostraram seu verdadeiro valor. Em nenhum momento foram um exército de mercenários, jogando apenas por um anel. Jogaram com sangue, suor e lágrimas em quadra. Primeiro, Kevin Durant machucou. Depois, Kevon Looney. Ambos voltariam à quadra na série final - mesmo sem nenhuma condição de jogo.
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A verdadeira virtude do guerreiro é lutar pelo próximo ao seu lado, mesmo que isso não faça sentido ou que a vitória seja um objeto distante, quase que inatingível. Kevin Durant entrou no Jogo 5 sem qualquer condição de jogar, Looney jogou hoje no sacrifício - esta, aliás, é a palavra que define os Warriors nesta série final. Sacrifício. Altruísmo. Essa é a diferença de um time qualquer, montado para vencer, e um time que joga junto.
Golden State perde o título e não terá o tricampeonato. Perdem para um time forte, que merece os louros da vitória. Para um Kawhi Leonard impecável, que mereceria o título de MVP dos Playoffs se isso existisse. Perdem desfalcados, mas nunca jogando de maneira mole. Nunca desistindo mesmo parecendo que tudo estava jogando contra.
O golpe derradeiro foi Klay Thompson saindo no Jogo 6 quando já tinha passado dos 25 pontos. Sentiu o joelho. Fez cara de dor. Em vez de dar as costas para a despedida da Oracle, voltou para bater o lance livre com a esperança que, com isso, pudesse voltar para a partida. Sua noite acabou ali. Mas não a temporada dos Warriors. Como seu nome diz, foram guerreiros até o último milésimo. Lutaram até o final.
A Oracle Arena, que tanto ficou consagrada com chutes de 3 pontos de Stephen Curry, viu nessa jogada a última vez que os Warriors tentaram uma cesta - sem sucesso. A vitória dos Raptors estava consagrada. A luta dos Warriors teve seu fim.
A diferença entre guerreiro e mercenário reside além de lutar por dinheiro em vez de lutar por honra. Reside em como você cai. Os Warriors mostraram por que são guerreiros. Porque caíram de pé.
Crônica: Os Guerreiros que caíram de pé
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