MLB The Show 19: Vale a pena comprar?
Tenho por hobby colecionar videogames antigos. Não sou muito de sair a noite ou amar gastar dinheiro em outras coisas, então que bom que é um hábito que não avacalha o bolso como outros. Seja como for, essa experiência, percebi que poucos gêneros se beneficiaram tanto da evolução gráfica do que o esportivo.
Há alguns títulos que envelheceram mal em outros gêneros, como no caso de Goldeneye 007 (Rare, 1997, Nintendo 64) no first person shooter – mas, indiscutivelmente, os jogos esportivos são os que mais envelheceram em termos de jogabilidade e motor gráfico. Normal: no caso de games de plataforma como Mario, Sonic e outros tantos, o mundo poderia ser criado de acordo com os parâmetros que os desenvolvedores bem imaginassem. No caso de esportes, as limitações da tecnologia acabavam sendo uma barra que impedia que uma simulação realmente enganasse nosso cérebro. A realidade era difícil de imitar com um chip de 8, 16 ou 64 bits.
Há exemplos nos quais a jogabilidade "salva". NBA Jam (Midway, 1993, Arcades), Ken Griffey Jr. Presents Major League Baseball (Nintendo, 1994, Super Nintendo) e Tecmo Bowl (Tecmo, 1989, NES) são alguns dos bons casos. No último mês joguei todos esses, para citar alguns. A maioria, porém, fica no passado. Pegar um FIFA 97 para jogar de boa é algo meio que impensável para mim hoje. O jogo é... Travado, para não dizer outra coisa.
Nesse sentido de se beneficiar da evolução gráfica na indústria, há a analogia da faca de dois gumes. A exemplo de alguns first person shooters, os jogos de esporte são lançados em edições anuais que fazem o consumidor pensar: vale a pena comprar a versão 2019 se eu comprei a versão 2018 e parece que pouca coisa mudou além de uma atualização de elencos?
No caso de MLB The Show 19, a pergunta é difícil de ser respondida. Graficamente, o jogo não é tão diferente do que versões anteriores. A jogabilidade mudou o suficiente? Afinal, vale a pena comprar?
Defesa mais realista
Segundo os desenvolvedores, o grande "tchan" na versão deste ano do game é o fato do fielding (defesa) estar mais realista do que em outros anos. De fato, era um tanto quanto frustrante que os jogadores defensivos agissem de modo robótico e praticamente imune a erros. Não parecia haver muita diferença na habilidade de um para outro. Jason Heyward, do Chicago Cubs, não era um defensor externo tão melhor do que Kyle Schwarber, também dos Cubs. Fora a velocidade diferente entre eles, não havia tanta diferença nítida. Agora há.
No que tange às rebatidas – talvez o aspecto mais "terapêutico" de se jogar um game de beisebol – elas estão mais divertidas em relação ao ano passado. Não sei dizer se é um "placebo" pelo "Novo é Sempre Melhor" digno de Barney Stinson em How i Met Your Mother, mas percebi que está ligeiramente mais fácil de se fazer um bom contato em relação a anos anteriores. Em termos de jogabilidade, as novidades terminam aqui. Pode ser algo bom ou ruim dizer isso, mas a verdade é que as edições anteriores já tinham evoluído muito no quesito.
Melhor modo carreira dos games de esporte?
É páreo duro com o modo carreira do NBA 2k, mas a meu ver, sim. O beisebol é um enorme RPG esportivo – não por acaso os japoneses amam ambos – e o modo Road to The Show replica um RPG como poucos modos-carreira poderiam. A novidade deste ano se dá na possibilidade de maximizar todos seus status a 99 (não era possível na edição 18) e as "personalidades" que você pode dar a seu jogador. Como qualquer papel (role, em inglês), há pontos positivos e negativos. Você pode ser um líder na equipe, a là Derek Jeter, e melhorar o status de companheiros – ou ser um lobo solitário e maximizar as próprias habilidades. São 4 personalidades possíveis: o Capitão (Captain), o Raio (Lightning Rod), o Coração (Heart and Soul) e o Lobo Solitário (Maverick).
Além da personalidade, os arquétipos por posição retornam após boa aceitação da comunidade em 2018. Também com perdas e ganhos de acordo com sua escolha. Por exemplo: se você escolher jogar como um segunda base que tem como arquétipo as rebatidas de contato e a velocidade, será mais difícil maximizar rebatidas de força. No caso do exemplo da foto acima, que tem Aaron Judge como "espelho" do mundo real, você tem força no bastão mas em contrapartida menos habilidade no contato com a bola e menos velocidade do que o desejável.
Para melhorar os atributos, além do básico "jogar bem", há duas novas possibilidades. A primeira são desafios que você topa e que multiplicam os pontos ganhos ao fazer coisas boas. Por exemplo: dois homens em posição de anotar corrida. Quando você estiver no bastão, vai aparecer a possibilidade de ganhar 150% de pontos caso você consiga impulsionar duas corridas. Ainda, a SIE San Diego incluiu minigames que há muito tinham sumido de jogos esportivos. Se você se lembra bem, eles eram figurinhas carimbadas no meio da década passada, especialmente em jogos da EA Sports. Agora voltaram e são adições interessantes – como supino para melhorar a força de seu jogador e assim em diante.
Respondendo à pergunta, para mim este é o melhor modo carreira dos jogos esportivos. Longshot de Madden e The Journey de FIFA são bem roteirizados e tal, mas pecam justamente por não permitir a criação de uma saga própria ao jogador. Em termos de NBA 2k, eu nem vou entrar no mérito das microtransações "pay to win" porque isso me enoja. Então, por padrão, o Road to the Show sai na frente ao oferecer o melhor de todos os mundos. Além, claro, da própria estrutura do beisebol. Imagine começar num time da terceira divisão do Campeonato Brasileiro até chegar ao estrelato – é mais ou menos isso que rola, necessariamente, em todo save que você começa neste modo por conta da natureza do beisebol, na qual um draftado começa de baixo na Double A (que é, grosso modo, equivalente à terceira divisão no futebol).
Modo Franchise praticamente sem alterações – novo modo "March to October" aparece
Enquanto o modo Franchise não ganhou nenhuma adição, a SIE San Diego criou o modo "March to October" – que pode ser traduzido como "Marcha para Outubro" mas que também é um trocadilho com os meses que iniciam e encerram a temporada, março e outubro. Você escolhe um time e boom, só entra em ação em momentos-chave de uma temporada de 162 jogos. Dá para terminar uma temporada entre 10 e 15 horas, pelas minhas contas nos últimos dias. Bem menos do que os meses que levei para terminar um franchise mode completo ao jogar todas as partidas da temporada regular.
A grande crítica da comunidade é que o modo franchise não tem novidades. Ah, mas já fizeram muito! Não, ainda faltam algumas coisas presentes nos pares NBA 2k e Madden, como realocação. Se eu quiser mover o Tampa Bay Rays para Monterrey ou Montreal, por exemplo, vou ter que esperar um novo MLB The Show, porque neste ainda não pode. Outros aspectos administrativos de uma franquia que estão presentes no Madden – como construir um estádio novo – ainda não aparecem aqui. Já deveriam aparecer, dado que em 2004 eram presentes em MVP Baseball, da EA Sports.
O foco parece ser Diamond Dynasty, versão Ultimate Team, da EA, no MLB The Show. Eu, particularmente, não sou tão fã – é praticamente inviável jogar online aqui no Brasil se não for um jogo com servidor local. Não é o caso do The Show, nem do Madden e nem do NBA 2K. Então, lamento e passo longe.
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Veredito: vale a pena?
Sendo sincero, se você já tem a versão 2018, vale a pena em três casos:
a) Se você é um completo fanático por beisebol e precisa muito ver Fernando Tatis Jr brilhando ao lado de Manny Machado no San Diego Padres e quer ver Bryce Harper (o jogador na capa do jogo, aliás) no uniforme dos Phillies;
b) Se você faz muita questão da jogabilidade melhorada quanto ao fielding (defesa)
c) Se você gosta muito do modo carreira com apenas um jogador – como disse, as melhorias são interessantes e gosto de ser um "captain" como faço quando jogo basquete com meus amigos
Agora, se você não tem a versão 2018 ou nenhuma anterior, vale a pena dar uma chance. É possível dizer que, salvo as perfumarias que disse no modo franchise, MLB The Show 19 é o melhor jogo de beisebol já produzido. É difícil dizer isso de maneira enfática para outros gêneros. The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Switch) é melhor que Ocarina of Time (Nintendo 64)? Dá uma boa discussão. No caso de jogos esportivos, vivemos a melhor era de todos os tempos e, sinceramente, não há discussão. Se você quer uma simulação que chegue perto da realidade e que ao mesmo tempo te ensine os nuances do beisebol, não haverá jogo melhor.
PS: A propósito, farei lives do The Show 19 em meu canal do YouTube. Clique aqui para se inscrever.
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